GEOLOGIA E OS MEDIA 1

Caros subscritores do Geopor
Como é habitual no final de cada ano, os orgãos de comunicação social fazem um balanço do ano que passou elegendo, em alguns casos, as figuras e os eventos mais importantes. O jornal Expresso, uma das referências no panorama jornalistico portugues, elegeu como figura nacional de 1997 o casal Horácio e Isabel Mateus. Para os mais desatentos, relembra-se que estas duas pessoas foram responsáveis pela descoberta de um ninho de ovos de dinossáuro na região da Lourinha (artigo a propósito no Geopor ; algumas fotos dos mesmos ovos encontram-se nas páginas do Museu da Lourinha).

Após esta introdução gostaria de colocar algumas questões à discussão:

1- Será que a comunidade geológica nacional está a par desta descoberta e da sua importância e significado geológicos?

2- Não é vulgar que dois amadores/curiosos (esta conotação não tem nada de perjorativo) sejam responsáveis por uma descoberta científica que tem mais impacto do que toda a investigação científica que se faz nas universidades e institutos.

3- O que será necessário para que os media se interessem por outros resultados científicos igualmente importantes e que passam totalmente à margem do grande público? Será que Geologia, para o grande público, é apenas dinossáuros? (com responsabilidades óbvias para o Sr. Steven Spielberg).

Espero suscitar alguma discussão, uma vez que esta tem estado um pouco esmorecida nesta lista. Aproveito para lembrar que as páginas do Geopor têm sofrido algumas alterações pelo que se aconselha a visita regular das mesmas. A importância deste projecto foi reconhecida na recente aprovação pelo programa Nónio Século XXI do Ministério da Educação de um financiamento para desenvolvimento de páginas especialmente dedicadas aos Ensinos Básico e Secundário - o GEOPOR NA ESCOLA.

Saudações Geológicas e um Bom 1998!
Jose' Brilha (Jan/98)


Geologia e Media

Caros colegas!
Parece queo apelo à discussão feito pelo colega José Rodrigues Brilha não surtiu grande efeito. É sintomático. Contudo, eis algumas ideias que cruzaram o meu espírito depois de ter lido as questões (pertinentes) por ele levantadas, a propósito da Geologia e dos Media:

José Rodrigues Brilha dixit:

1- Será que a comunidade geológica nacional está a par desta descoberta e da sua importância e significado geológicos?

Comentários:

Possivelmente não, uma vez que, tirando o alarido (nem sempre bem) feito pelos media, que eu saiba nenhum dos membros profissionais portugueses da equipa que publicou o achado, divulgou (em textos de SUA AUTORIA, ou sob a SUA SUPERVISÃO, isto é importante para assegurar qualidade científica) o achado e as suas implicações em revistas ou outros meios de divulgação científica nacionais (mesmo quando para tal foram solicitados). Tenho, inclusivamente, dúvidas de que o público em geral tenha ficado efectivamente BEM informado sobre a descoberta em si mesma e sobre o seu significado (para a ciência e, por atacado, para o país). Não me recordo de ter visto nenhum dos membros profissionais da equipa na(s) televisão(ões) expondo estes temas com qualidade e rigor cientifico. Só me recordo dos depoimentos (fracos, de um ponto de vista estritamente científico) do casal Mateus. Se se barrar o acesso dos profissionais aos media (passiva ou activamente, talvez com o argumento de serem pouco mediáticos...) então não é de admirar que o seu trabalho não tenha "visibilidade" nacional.

José Rodrigues Brilha dixit:

2- Não é vulgar que dois amadores/curiosos sejam responsáveis por uma descoberta cientifica que tem mais impacto do que toda a investigação cientifica que se faz nas universidades e institutos.

Comentários:

Os dinossáurios têm sempre impacte. É uma realidade (eu diria mesmo, uma benção!) que, em vez de ser combatida, deve ser sabiamente gerida, a fim de canalizar o interesse público para a Geologia e a Paleontologia em geral. O casal Mateus (honra lhes seja feita) são responsáveis pela DESCOBERTA dos ovos, mas não pelo seu estudo. Não creio (honestamente) que sózinhos tivessem conseguido levantar, estudar e publicar o material. Ou seja, uma coisa é descobrir ossos (ou ovos, ou o que seja), outra totalmente diferente é (realmente) estudá-los e publicá-los, e sem um estudo (de nível) profissional dos achados não teria havido notícia. É óbvio que em todo este processo (sobretudo a nível dos media) foi forte e injustamente subestimado o trabalho dos profissionais que tranformaram esta excelente descoberta num facto científico excepcional. Mais uma vez se sacrificou a objectividade a favor do sensacionalismo. É sabido que o interesse dos media é inversamente proporcional à normalidade dos factos (cf. o famoso exemplo do homem que morde o cão). Por outro lado, já anteriormente (em 1987), na região da Lourinha (e envolvendo, mais uma vez, o casal Mateus, mas não só), haviam sido descobertas centenas de fragmentos e alguns ovos completos de dinossáurio que foram, na altura estudados e publicados por paleontólogos nacionais. Curiosamente, este facto é (no mínimo) injustamente omitido quer nas declaracoes aos media (o que até se pode entender), quer (pasme-se) no capítulo "Historique des découvertes" no artigo dos CR Acad. Sci. Paris.

O papel dos amadores é, sem dúvida, importante, mas não se pode (nem deve) sobrepor-se ao dos profissionais (e vice-versa). Cada qual tem a sua área especifica de intervenção e, se existir uma colaboração franca e efectiva, do trabalho de ambos podem resultar beneficios para todos. Contudo, (falo como profissional encartado) se tolerarmos, sem reagir, que qualquer um (seja quem for) se apresente como geólogo amador ou paleontólogo amador e realize escavações e tenha museus particulares de geologia e paleontologia e tudo o mais, então mais uma vez estaremos a dar tiros no pé (no nosso pé de profissionais de Geologia)! Geólogo e Paleontólogo são ti'tulos académicos e categorias profissionais e são atribuidos a pessoas que estudaram e trabalharam para obter os conhecimentos e a experiência que os justificassem. Nunca ouvi falar de advogados amadores, de médicos amadores, nem de engenheiros amadores (certamente que as associações profissionais de engenheiros, arquitectos, médicos, advogados, etc. não o tolerariam), então porque geológos e paleontólogos amadores?

Por outro lado (mais uma vez!), quando é que a comunidade geológica e paleontológica portuguesa se mobiliza para exigir regras para a classificação, preservação e valorização do património geológico e paleontológico nacional? Qualquer pessoa pode ter esqueletos de dinossáurios em casa? Qualquer um pode destruir uma ocorrência geológica importante para construir uma vivenda? Qualquer pessoa pode recolher (e muitas vezes vender) fósseis de jazidas clássicas nacionais? E ninguém se importa? Bom, então, mais uma vez, a culpa é nossa (dos profissionais!, dos que tem responsabilidades na matéria). Não sei se já se aperceberam, mas os ovos de dinossáurio com embriões (cuja noticia correu mundo e etc.) foram escavados (pelo menos inicialmente) por pessoas sem qualquer formação especifica na área da Geologia ou da Paleontologia (geólogos para quê?, se qualquer um pode fazer o nosso trabalho!) e são propriedade privada de uma associação local que (na minha opinião) não dá, por exemplo, garantias de continuidade temporal. Daqui a 20 anos quando o casal Mateus se reformar e a associação se extinguir (porque não), quem ficará fiel depositário desse PATRIMONIO PALEONTOLOGICO NACIONAL? Já imaginaram os Jerónimos, a Torre de Belém ou Foz Côa propriedade privada?!

José Rodrigues Brilha dixit:

3- Será que Geologia, para o grande publico, é apenas dinossauros? (com responsabilidades óbvias para o Sr. Steven Spielberg).

Comentários:

Não, para o grande público a Geologia nem existe. A Paleontologia sim, é vista, apenas, como a ciência dos dinossáurios. Não, a responsabilidade não é do Spilberg (ele não fala de Geologia) é dos profissionais de Geologia e Paleontologia, (há que dize-lo com frontalidade...) é de todos nós. Nós é que não divulgamos o nosso trabalho junto do publico (há até quem ache isso perigoso...), não defendemos a nossa disciplina na Escola Secundária (também muitos acham isso degradante. O secundário..., que nojo), não somos capazes (sequer) de ter uma associação profissional que defenda os nossos direitos (só para mencionar algumas culpas). Por favor deixem o Spilberg em paz, se o homem não existisse nem de Paleontologia e dinossáurios se falava...

Para finalizar:

Ainda a propósito dos ovos de dinossáurio de Pai Mogo e da sua publicação nos C.R. Acad. Sci. Paris. Gostava de chamar a vossa atenção para o texto da "versão portuguesa resumida" que acompanha o artigo. É certo que se trata de uma revista francesa e que o texto foi processado, certamente, por um editor que desconhecia a lingua portuguesa, daí resultando gralhas inevitáveis (como, aliás, quase sempre acontece). Mesmo assim, e sobretudo atendendo ao desprestigiante resultado final, deveria ter-se evitado que a lingua portuguesa fosse maltratada daquela maneira.

Bom, fico-me por aqui. Faço votos para que o debate de ideias prossiga. (Espero que não seja necessário sugerir que seja a GNR a estudar os ovos de dinossáurio para as pessoas reagirem...)

Com os melhores cumprimentos paleontológicos,
Carlos Marques da Silva (Jan/98)


Re: Geologia e Media

Infelizmente, a maioria da população, da geologia só conhece os dinossauros, embora não se deva atribuir tanta responsabilidade deste facto ao Sr. Steven Spielberg, mas sim, por exemplo, as tv's, uma vez que, aquando da transmissão do filme "Jurasic Park" na RTP, durante a semana anterior só se falou em dinossauros. Por este motivo é de salientar algumas actividades realizadas no nosso pais, como foi o caso das actividades realizadas no Museu de Historia Natural da U. de Lisboa, por parte do grupo Paleo, aquando da realização da Feira de Minerais, Fósseis e Gemas, no passado mês de Dezembro. Também eu já tive o prazer de planear uma actividade semelhante à referida, juntamente com outros colegas meus, numa escola de Lisboa, mas esta no âmbito de um trabalho para uma cadeira da licenciatura que estou a tirar, ficando bastaste satisfeito com os resultados obtidos. Era bastante bons que actividades deste tipo podessem ser aplicadas nas nossas escolas, mas para isso talvez seja necessário algum apoio das faculdades, grupos e associações de geólogos existentes no nosso pais.

Nuno Coelho (Jan/98)


Re: Geologia e Media

Jose Bernardo Rodrigues Brilha wrote:

> Após esta introdução gostaria de colocar algumas questoes à discussão: 1- Será que a comunidade geológica nacional está a par desta descoberta e da sua importância e significado geológicos?

Se não está é porque anda distraida... ou então tem pouca queda para questoes paleontológicas (descontando o espectáculo mediático)!

> 2- Nao é vulgar que dois amadores/curiosos (esta conotacao nao tem nada de perjorativo) sejam responsaveis por uma descoberta cientifica que tem mais impacto do que toda a investigacao cientifica que se faz nas universidades e institutos.

a) De facto nao e' vulgar que dois curiosos (no sentido em que dizes) tenham a sensibilidade, dedicacao, carolice, e estrategia que demonstraram na politica patrimonial, cientifica e mediatica de abordagem do assunto e que, julgo, justificam o protagonismo que lhes foi conferido pelos media...

b) Ja um pouco incompreensivel e' o pouco destaque dado pelos media aos cientistas ( e instituicoes de investigacao cientifica) que apoiaram o casal Mateus e que, no fundo, sao os verdadeiros responsaveis pelo estudo cientifico feito... ou entao a primeira justificara a segunda...

> 3- O que sera' necessario para que os media se interessem por outros resultados cientificos igualmente importantes e que passam totalmente 'a margem do grande publico? Sera' que Geologia, para o grande publico, e' apenas dinossauros? (com responsabilidades obvias para o Sr. Steven Spielberg).

E' necessário que tenham mais cultura e capacidade critica no dominio da ciencia. (por ex. continuamos a ver noticias com a palavra dinossaurios .... outras vezes apresentam-se coisas sem novidade nenhuma como se fossem o ultimo grito... ... outras vezes falam de coisas que ainda estao em estadio incipiente, como se fossem ja processos e conhecimentos comprovados, afirmando logo, precocemente, a resolucao de muitos problemas... etc.). Por outro lado a necessidade do jornalista *dar nas vistas* (para nao dizer ser sensacionalista) aliada a' incapacidade de entendimento da linguagem cientifica da' origem, na minha humilde opiniao, a que a maior parte das noticias saiem com preocupantes deturpacoes do ponto de vista do rigor cientifico... o que contribui para que o publico acabe por ser mal informado e imagine ou assimile coisas... que so podem cair no dominio da ficcao cientifica. Talvez, tambem, a necessidade de protagonismo de alguns cientistas (ou o seu pouco conhecimento daquilo que estao a transmitir aos Srs jornalistas) ... os leve a "ir na onda"! Se calhar o publico tambem so' se interessa pelo que e' *sensacional*...

> Espero suscitar alguma discussao, uma vez que esta tem estado um pouco esmorecida nesta lista.

.... se calhar estes problemas comecam, ou explicam-se, por causa desta indiferenca, apatia (ignorancia generalizada), e receio de questionar ou emitir opiniao... talvez porque em Portugal se confundem criticas com ataques pessoais e pessoas com instituicoes... e vice-versa...

Mas fico-me por aqui, pois isto ja deve ser polemico q.b. ...

> Saudacoes Geologicas e um Bom 1998!

Paulo Legoinha (Jan/98)


Finalmentes...

Carlos Marques
> Para finalizar: Ainda a propo'sito dos ovos de dinossa'urio de Pai Mogo e da sua publicacao nos C.R. Acad. Sci. Paris. Gostava de chamar a vossa atencao para o texto da "versao portuguesa resumida" que acompanha o artigo. E' certo que se trata de uma revista francesa e que o texto foi processado, certamente, por um editor que desconhecia a lingua portuguesa, daí resultando gralhas inevita'veis (como, alia's, quase sempre acontece). Mesmo assim, e sobretudo atendendo ao desprestigiante resultado final, deveria ter-se evitado que a lingua portuguesa fosse maltratada daquela maneira.

Aqui esta' um comentario preocupante... do ponto de vista cientifico. Nao tenho aqui *a' mao* o dito artigo, mas irei assim que possivel verificar. No entanto nao estou a perceber... se se tratam de gralhas: maltratou-se?? E o <<desprestigiante resultado final>> prende-se com as gralhas, com o conteudo cientifico do texto... ou com o que^?? E' conveniente, nestes casos, consubstanciar o que se diz ... para que nao fiquem coisas *a pairar no ar * que possam causar confusoes a eventuais subscritores, muito a Leste destes assuntos (caro colega este seu comentario parece-me muito obnubiloso... nao quer esclarecer melhor?).

O C.R.Acad.Sci.Paris e' uma publicacao cientifica de elevado prestigio internacional, o que implica que os artigos que aceita para publicacao te^m forcosamente de ter qualidade cientifica. Note bem que eu disse aceita e nao... *solicita*!

> Bom, fico-me por aqui. Faco votos para que o debate de ideias prossiga. (Espero que nao seja necessario sugerir que seja a GNR a estudar os ovos de dinossa'urio para as pessoas reagirem...

Nao.. como vimos ja houve bastante reacção! Esperemos mesmo que nao seja preciso chamar a GNR! :-))) Bem ... e ate' poderiamos comecar a debater porque se ha-de escrever dinossauro... com i !!?

Cumprimentos

Paulo Legoinha (Jan/98)

PS - Acerca do depo'sito do >Patrimonio Paleontologico Nacional... estao-me a ocorrer ideias que darei conta em proxima mensagem.


Geologia e media (continuemos o debate)

Carlos Marques disse:
> tirando o alarido (nem sempre bem) feito pelos media, que eu saiba nenhum dos membros >profissionais portugueses da equipa que publicou o achado, divulgou (em textos de SUA  AUTORIA, ou sob a SUA SUPERVISAO, isto e' importante para assegurar qualidade cienti'fica) o  achado e as suas implicacoes em revistas ou outros meios de divulgacao cienti'fica nacionais >(mesmo quando para tal foram solicitados).......

Parece-me que se houve alarido pelos media.... necessariamente houve divulgacao!

1- Uma conferencia de imprensa nao e' um acto de divulgacao (inter)nacional?

2 - Eu proprio tive oportunidade de informar outros concidadaos espalhados pelo mundo... atraves de mensagem electronica para mailing-lists (e nem pertenco a' equipe que trabalhou no achado).

3 - O Prof. Telles Antunes disponibilizou-nos um texto sobre a descoberta (em ingles e portugues) e que pode ser consultado no GEOPOR (divulgacao de actividades)... que ficou acessivel desde qualquer ponto do mundo que tenha uma ligacao a' rede ainda antes do tal alarido!

4 - Sairam uma serie de artigos em diversos Jornais e Revistas portugueses; o Expresso elegeu como figura do ano o casal Mateus; o Noticias-magazine apresentou um artigo sobre o o Prof.T.Antunes.

5 - E' o proprio colega Carlos Marques o primeiro a reconhecer que a noticia deu volta ao Mundo!

Sinceramente, penso que em Portugal so' os mais distraidos e' que nao se aperceberam do dito acontecimento... quanto ao desconhecimento da importancia cientifica do achado pela nossa comunidade cientifica... so' poderao ser assacadas culpas aos proprios cientistas desconhecedores.

Ora o que pretendemos aqui debater e' se os media transmitiram com correccao para o publico... aquilo que os cientistas lhes comunicaram! Assim como se questiona por que razao nao entrevistaram tambem nos noticiarios principais... para alem da Sra. Mateus (e marido responsaveis pela descoberta e nao so... da jazida) algum dos dois responsaveis pela estudo cientifico destes achados ?

Carlos Marques disse:
> Tenho, inclusivamente, du'vidas de que o pu'blico em geral tenha ficado efectivamente BEM informado sobre a descoberta em si mesma e sobre o seu significado (para a ciencia e, por atacado, para o pai's). Nao me recordo de ter visto nenhum dos membros profissionais da equipa na(s) televisao(oes) expondo estes temas com qualidade e rigor cientifico. So' me recordo dos depoimentos (fracos, de um ponto de vista estritamente cientifico) do casal Mateus. Se se barrar o >acesso dos profissionais aos media (passiva ou activamente, talvez com o argumento de serem >pouco mediaticos...) entao nao e de admirar que o seu trabalho nao tenha "visibilidade" >nacional.........

Parte esta respondido anteriormente... mas o problema que mais se sente e' o do cientista dizer coisas ao jornalista... e depois vai ler no jornal coisas que dificilmente compreende que tenha sido ele (cientista) a dizer !!!! Por outro lado houve necessidade de proteger a jazida do assalto de oportunistas... pelo que nao convinha muito a sua divulgacao antes de estar completado o estudo e em condicoes de ser publicado em revista cientifica internacional... para desse modo serem assegurados os direitos de autor e paternidade cientifica. Lembro que varios membros da equipa de escavacoes... passaram dias e noites acampados junto ao local para o proteger de qualquer veleidade menos correcta... de algum... amador ou nao!

Carlos Marques disse:

> Por outro lado, ja anteriormente (em 1987), na regiao da Lourinha (e envolvendo, mais uma vez, o casal Mateus, mas nao so), haviam sido descobertas centenas de fragmentos e alguns ovos >completos de dinossáurio que foram, na altura estudados e publicados por paleonto'logos nacionais. Curiosamente, este facto e' (no m'inimo) injustamente omitido quer nas declaracoes aos media (o >que ate' se pode entender), quer (pasme-se) no capi'tulo "Historique des de'couvertes" no artigo dos CR Acad. Sci. Paris. .......

A existencia de fosseis de dinossauros em Portugal (e na Lourinha) e' conhecida desde muito antes:

Lapparent, A. F. de & Zbyszewski (1957) - Les Dinosuriens du Portugal - Memorias, Serv. Geol. Port., n.2 (nova serie).

Carlos Marques disse:

> O papel dos amadores e', sem du'vida, importante, mas nao se pode (nem deve) sobrepor-se ao >dos profissionais (e vice-versa). Cada qual tem a sua area especifica de intervencao e, se existir uma >colaboracao franca e efectiva, do trabalho de ambos podem resultar beneficios para todos. Contudo, >(falo como profissional encartado) se tolerarmos, sem reagir, que qualquer um (seja quem for) se >apresente como geo'logo amador ou paleonto'logo amador e realize escavacoes e tenha museus >particulares de geologia e paleontologia e tudo o mais, entao mais uma vez estaremos a dar tiros no >pe (no nosso pe' de profissionais de Geologia)!...........

Nao vejo onde e' que no caso da Lourinha se deram tiros no pe?!! Pelo contrario, aconteceu uma colaboracao entre o casal Mateus e especialistas em paleontologia reconhecidos internacionalmente. Eu nao me atreveria a chamar geologos amadores ao casal Mateus. Sem duvida que sao pessoas que se dedicaram extremamente a esta (sua) causa... e tiveram o cuidade de pedir auxilio a especialistas (o casal Mateus diz no Expresso que recorreu ao Prof. T. Antunes por terem frequentado um curso de paleontologia por ele ministrado). Portanto, certas restricoes que impuseram foi no sentido de salvaguardar a autoria cientifica e preservar o melhor possivel o achado (e naturalmente promover o local em que foi feito).

[Bom para já vao so estas minhas reflexoes... ao resto dos seus responderei noutros mails seguintes... eventualmente abrindo outro(s) tema de discussao]

Cumprimentos
Paulo Legoinha (Jan/98)

> a falar e' que a gente se entende!


Geologia e Media (cont.)

Debate interesante que tem sido este, dado que existem mais mensagens a criticar as grandes mensagens do Dr. da Silva. E muito bom vereficar que temas destes tem um grande interesse para a comunidade geologica portuguesa. Depois ainda dizem que a culpa desta situacao e do sr. Spielberg... Talvez seja bom que esta comunidade trabalhe um pouco mais pela divulgacao desta ciencia, a comecar pelas escolas. Para isso talvez fosse necessario um maior apoio aos alunos que estao a tirar as licenciaturas que vao permitir uma maior divulgacao desta area cientifica, as licenciaturas de ensino de geologia/biologia

Nuno Coelho (Jan/98)


Debate

Caros confrades da Geopor
Gostaria muito de participar no debate que está a decorrer. Contudo estou a ter sinceras dificuldades. Eis algumas das principais:

1 - Não podemos considerar estar verdadeiramente a debater um tema. Parece mais apropriada a palavra polémica. No caso presente as nossas reacções não são elaboradas apenas em função de nós e dos interlocutores, mas também em função de terceiros virtuais, não identificados claramente por todos, o que torna assaz "labiríntica" a situação.

2 - Tendo em conta as intervençes já disponíveis, não consegui identificar ainda com o necessário rigor, o quadro da discussão;

Se todos contra os media
se todos pelos media
se alguns contra outros
se um contra todos
se os dinossáurios contra nós
se Spilberg contra todos
Se a média contra os media
Se.....
Os media.....
Estão em discussão.......
Ou......

Todavia não está claro se:
discutimos ciência pura
ciência aplicada
ciência
puramente aplicada
aplicadamente pura
talvez um certo narcisismo
ou talvez não
o que é certo é
que resulta estranho
o terreno desta conversa

Se quisermos configurar convenientemente o contexto de ID em Portugal talvez tudo faça mais sentido. No entanto o que está claramente fora de moda é o maniqueísmo. Este é provavelmente um dos factores que nunca terá contribuído para a extinção dos simpáticos ? sáurios. Quer os herbívoros quer os carnívoros teriam tido uma dieta à base de maniquealimentos dentro dos quais poderia citar algumas das principais iguarias ainda hoje existentes.

Creio apesar de tudo que o nosso património natural é demasiado rico para nos distraírmos. E parece realmente que estamos distraídos. Junto envio alguns dos bons exemplos de sabedoria popular que nos deviam inspirar

- A sáurio dado não se olha o dente
- mais vale um ovo na mão que dois na foto
- quem o sáurio ama bonito lhe parece

Até breve
Saudaçoes de
Rui Pena dos Reis (Jan/98)


Geologia e Media (a saga continua)

Caros colegas,

(Descontraiam-se, nao vos vou enviar mais artigos)

A troca de ideias parece estar a animar. Aqui vao mais algumas ideias, a proposito do mail do colega Paulo Legoinha.

Paulo Legoinha disse:

> Parece-me que se houve alarido pelos media.... necessariamente houve divulgacao!

Comentario:

Bom, houve transmissao da noticia, mas creio que a questao aqui levantada vai alem da mera difusao da noticia. Pretende-se divulgacao de qualidade, que defenda e valorize o facto cientifico que suscita(ou) a noticia e isso nem sempre foi bem feito. Volto a repetir que temos (os profissionais envolvidos) que nos virar para o publico e satisfazer a sua natural curiosidade sobre estas questoes. Se nao o fizermos outros (por ventura, menos qualificados o farao). Se nao associarmos estes estudos (estas noticias) ao nosso trabalho, o publico esquece-se que existimos (ou nao chega a tomar conhecimento da nossa existencia). Atencao, nao se trata de buscar de protagonismo, trata-se de proteger a nossa area de intervencao, o (fruto do) nosso trabalho, a razao de existirmos.

Paulo Legoinha disse:

> 1- Uma conferencia de imprensa nao e' um acto de divulgacao (inter)nacional?

Comentario:

Sim e nao. Dessa conferencia de imprensa, infelizmente, so se ouviram os depoimentos do casal Mateus. Se outros houve, nas televisoes nao passaram. Se nao passaram so as (necessariamente poucas) pessoas nela presentes os ouviram. Sede de protagonismo e' mau; falta dele (quando e' necessario), tambe'm.

Paulo Legoinha disse:

> 2 - Eu proprio tive oportunidade de informar outros concidadaos espalhados pelo mundo... atraves de mensagem electronica para mailing-lists (e nem pertenco a' equipe que trabalhou no achado).

Comentario:

Eu tambem o fiz (mais, enviei fotocopias do artigo para colegas no estrangeiro que estudam ovos de dinossaurio). Acho que fez muito bem, caro colega. Infelizmente, poderiamos esforcar-nos a atafulhar o correio das pessoas (como, por exemplo, parece ser a minha especialidade...) mas, mesmo assim, chegariamos a uma infima percentagem das pessoas que veem as noticas na TV.

Paulo Legoinha disse:

> 3 - O Prof. Telles Antunes disponibilizou-nos um texto sobre a descoberta (em ingles e portugues) e que pode ser consultado no GEOPOR (divulgacao de actividades)... que ficou acessivel desde qualquer ponto do mundo que tenha uma ligacao a' rede ainda antes do tal alarido!

Comentario:

Perfeito, e' de louvar. Infelizmente, ainda (muito) pouca gente (do grande publico anonimo) tem acesso a Internet (so alguns eleitos). Se tivesse enviado esse mesmo texto para os jornais e para as revistas de divulgacao cientifica portugueses (com o mesmo esforco) teria atingido muito mais gente (tal como fez com os textos que, ha pouco tempo, regularmente, publicou - salvo erro - na revista do DN). Dessa maneira, poderia fazer-se um curto-circuito a intermediarios na transmicao da informacao (da divulgacao cientifica).

Paulo Legoinha disse:

> 4 - Sairam uma serie de artigos em diversos Jornais e Revistas portugueses; o Expresso elegeu como figura do ano o casal Mateus; o Noticias-magazine apresentou um artigo sobre o o Prof.T.Antunes (em "Os cerebros que nos temos"). 5 - E' o proprio colega Carlos Marques o primeiro a reconhecer que a noticia deu volta ao Mundo!

Comentario:

E certo que a noticia correu mundo e ainda bem. Nao se esperava menos de um facto cientifico desta importancia. Quanto aos artigos em jornais e revistas, e aqui e' que esta' o fulcro da discussao, o cre'dito dado aos participantes profissionais foi (quase) nulo (tirando um ou outro mais especifico. Por exemplo, no "Os cerebros(...)").

Mais, recordo-me (apenas um exemplo) que no artigo da "Visao" (na seccao "Ciencia") o casal Mateus revelou aos leitores as circunstancias do achado: ao que parece, a filha fez chichi em cima dos ovos. "(...) as cascas de ovo de dinossaurio descobertas na Lourinha correram o risco de ser dispersas pela pequena "torrente" saida do corpo de uma menina de tres anos, em hora de aperto fisiologico" (sic). Nao me parece que a jornalista pudesse, do pe p'ra mao, inventar algo assim... Se isto e divulgacao cientifica... No mesmo artigo o unico profisional referido e o Joao Zilhao (arqueologo). Paleontologos?, geologos?, so de raspao.

Paulo Legoinha disse:

> Sinceramente, penso que em Portugal so' os mais distraidos e' que nao se aperceberam do dito acontecimento... quanto ao desconhecimento da importancia cientifica do achado pela nossa comunidade cientifica... so' poderao ser assacadas culpas aos proprios cientistas desconhecedores.

Comentario:

Tal afirmacao nao me parece justa. So se pode ajuizar algo se se tiver dados fidedignos para tal. As noticias dos jornais e das TV's nacionais raramente os forneceram (do ponto de vista cientifico so tinham os materiais divulgados na conferencia de imprensa, nomeadamente o resumo portugues do artigo, creio).

Paulo Legoinha disse:

> (...) o problema que mais se sente e' o do cientista dizer coisas ao jornalista... e depois vai ler no jornal coisas que dificilmente compreende que tenha sido ele (cientista) a dizer !!!!

Comentario:

Correctissimo. Mas, nesses casos, a que responsabilizar o jornalista. Jornalista (acho eu) nao e sinonimo de sensacionalista impune e sem escrupulos. Ha que responsabilizar os maus profissionais pelo que escrevem (mal). Existe, ainda, o direito de resposta, existe a reaccao da comunidade cientifica e ha (vide acima) a possibilidade de se escrever directamente para o publico, sem intermediarios (sim, tambem nos jornais).

Paulo Legoinha disse:

> Por outro lado houve necessidade de proteger a jazida do assalto de oportunistas... pelo que nao convinha muito a sua divulgacao antes de estar completado o estudo e em condicoes de ser publicado em revista cientifica internacional... para desse modo serem assegurados os direitos de autor e paternidade cientifica. Lembro que varios membros da equipa de escavacoes... passaram dias e noites acampados junto ao local para o proteger de qualquer veleidade menos correcta... de algum... amador ou nao!

Comentario:

A proteccao dos achados "in situ" nao esta (nunca esteve) em causa.

Paulo Legoinha disse:

> A existencia de fosseis de dinossauros em Portugal (e na Lourinha) e' conhecida desde muito antes: Lapparent, A. F. de & Zbyszewski (1957) - Les Dinosuriens du Portugal - Memorias, Serv. Geol. Port., n.2 (nova serie).

Comentario:

Volto a afirmar: Nao me parece correcto ter-se omitido o trabalho (publicado) de geologos e paleontologos nacionais sobre ovos de dinossaurios na mesma regiao, com a mesma idade, nos anos imediatamente anteriores a 1993 (1987-1993). No capitulo "Historique des decouvertes" refere-se o "ovo" (aspas minhas) de Alfazeirao (1908), refere-se a descoberta de cascas de ovos na Guimarota e refere-se que e' em 1993 que o casal Mateus descobre em Pai Mogo cascas de ovos fosseis. Nada mais. Quem ler o artigo ficara, certamente, a pensar que este e' o primeiro e o u'nico achado de ovos de dinossaurio no Jurassico da Lourinha. Nao se trata de discutir a descoberta de fosseis de dinossaurios (em geral) na regiao da Lourinha (obrigado pela referencia biliografica). Trata-se de referir e discutir que na mesma regiao da Lourinha (e nomeadamente em Pai Mogo), foram antes descobertas outras jazidas com ovos (e cascas) fosseis, exactamente com a mesma idade e enquadrar essas descobertas. Ate porque se trata de ovos de dinossaurio de um tipo diferente (e, ate ver, sem embrioes, e' claro). Se isto nao e importante para o estudo, se isto nao o enriqueceria, entao nada sei...

Paulo Legoinha disse:

> Nao vejo onde e' que no caso da Lourinha se deram tiros no pe?!! Pelo contrario, aconteceu uma colaboracao entre o casal Mateus e especialistas em paleontologia reconhecidos internacionalmente. Eu nao me atreveria a chamar geologos amadores ao casal Mateus. Sem duvida que sao pessoas que se dedicaram extremamente a esta (sua) causa... e tiveram o cuidade de pedir auxilio a especialistas (o casal Mateus diz no Expresso que recorreu ao Prof. T. Antunes por terem frequentado um curso de paleontologia por ele ministrado). Portanto, certas restricoes que impuseram foi no sentido de salvaguardar a autoria cientifica e preservar o melhor possivel o achado (e naturalmente promover o local em que foi feito).

Comentario:

O colega nao se atreveria, mas os media...

(As restricoes para preservar o achado, mais uma vez, nao estao em causa. Nao sou partidario de que "o segredo seja a alma do negocio", mas, infelizmente, no caso das escavacoes de vertebrados em Portugal, por vezes, e' necessario. Ou entao deveremos criar condicoes para que deixe de ser necessario - ainda que trabalhar em segredo, acampado em Pai Mogo, de um certo ar de aventura...)

Nao li em lado nenhum que a orientacao cientifica das escavacoes e do estudo estivesse a cargo deste ou daquele paleontologo. Apenas se refere (por vezes) que o trabalho foi feito com a ajuda de fulano ou beltrano, desta ou daquela instituicao cientifica. Aqui sim, ha tiro no pe'! Este tipo de intervencoes deve ser dirigida por profissionais (nao, meramente, com a ajuda deles). Em arqueologia quem dirige as escavacoes sao os arqueologos (reconhecidos como tal pelas autoridades competentes) que, para isso, expressamente, obtem autorizacao. Em Paleontologia e' a "balda" completa. Ja vi na TV reportagens mostrando "paleontologos amadores" (apresentados como tal) tirando ossos de dinossaurio de buracos enlamedos, debaixo de chuva. Nao podemos (nao devemos) permitir ambiguidades e situacoes destas. Os profissionais envolvidos deveriam (na minha modesta opiniao) apresentar-se, sem rodeios, como os responsaveis CIENTIFICOS dos trabalhos e nao permitir (na medida do possivel) atropelos a esse seu estatuto. Atencao, nao se trata de imperialismo geo/paleontologico, trata-se de defendermos o nosso estatuto de profissionais encartados.

Para finalizar.

Se calhar, atendendo 'a excepcional riqueza paleontologica (em quantidade e, sobretudo, em qualidade) das arribas litorais da Regiao Oeste, estava na altura de nos comecarmos a movimentar no sentido de exigir a criacao de condicoes para a implantacao de uma area paleontologica protegida (ou algo no estilo) que salvaguardasse e valorizasse o património (de todos nos, portugueses, humanidade, etc.) la' enterrado. Como chamar a atencao para o facto?, como a implantar?, em que contexto legal?, com que regras?, quando?, quem a ela teria acesso?, etc. Que tal como tema de discussao? (Nao, invalidado outros temas e' claro!).

Muito obrigado pela vossa atencao e pelas vossas criticas.

Cumprimentos,
Carlos Marques da Silva (Jan/98)


****** O habito nao faz o monge ******

O Carlos Marques da Silva parece estar cheio de inveja. É que no foi nenhum "profissional encartado" que descobriu os ovos !! Será que a descoberta em sim mesma no é mais importante do que propriamente quem a descobriu ?! Penso que o Carlos Marques da Silva está a defender uma posiço muito cooperativista. Ou pensa que o conhecimento reside apenas na universidade e que só os licenciados, assistentes, professores detêm o saber ?!? No podemos esquecer que um bom investigador necessita, além do conhecimento, de ter criatividade, espírito critico, ser perseverante, etc. Ora o "canudo" apenas ensina a ler nos livros do conhecimento (e mesmo assim há muita gente que nem isto aprende!). No faz investigadores!

Penso que o Casal Mateus no podem ser apelidados de "amadores". Pela sua conduta na conduço de todo este processo, pem a um canto muitos dos apelidados pelo Carlos Silva de "profissionais encartados". Ou basta ser formado para ser passar a ter um estatuto de especialista ??. Nestes casos o ditado "o habito faz o monge" está muito longe de ser aplicado.

Luis Guerreiro (Jan/98)


Geologia e Media a saga continua! (msg. extra-longa)

(dado que fui impedido pelos alunos de cumprir as minhas funcoes habituais... volto-me novamente para esta saga...)

Carlos Marques da Silva diz-nos:
> (Descontraiam-se, nao vos vou enviar mais artigos)

Uf !   ; -))))  (... ja estava com medo de ficar atulhado!)

> Bom, houve transmissao da noticia, mas creio que a questao aqui levantada vai alem da mera >difusao da noticia.
> Pretende-se divulgacao de
> qualidade, que defenda  e valorize o facto cientifico que suscita(ou) a
> noticia e isso nem sempre foi bem feito.

Exactamente, de acordo. Isto reconduz-nos aos media!

> Volto a repetir que temos (os
> profissionais envolvidos) que nos virar para o publico e satisfazer a
> sua natural curiosidade sobre estas questoes. Se nao o fizermos outros
> (por ventura, menos qualificados o farao). Se nao associarmos estes
> estudos (estas noticias) ao nosso trabalho, o publico esquece-se que
> existimos (ou nao chega a tomar conhecimento da nossa existencia).
> Atencao, nao se trata de buscar de protagonismo, trata-se de proteger a
> nossa area de intervencao, o (fruto do) nosso trabalho, a razao de
> existirmos.

Bem ... vamos la' ver: se o publico colocar questoes eu estou 'a disposicao para tentar esclarecer naquilo que souber e conseguir. O publico tambem se forma nas nossas escolas... ou atraves de entrevistas, aos cientistas mais competentes, bem feitas pelos jornalistas  (e sem alterar o sentido das declaracoes)  . Forma-se ainda atraves de artigos de opiniao a publicar nos jornais e revistas ... e se calhar ate' atraves de debates ... na internet!

O nosso trabalho sao aqueles estudos... e muitos mais, e em muitas outras areas, que devemos publicar em revistas cientificas... de preferencia internacionais, e conceituadas. Isso  e' que vai fazendo com que possamos continuar a existir... e progredir na carreira.
O nosso trabalho poderia ser apoveitado e considerado pelas camaras... pelo governo, pelos organismos de prevencao de catastrofes naturais, pelo ordenamento e planeamento do territorio... mas ... o que e' um geologo??

> Comentario:
> Sim e nao. Dessa conferencia de imprensa, infelizmente, so se ouviram os
> depoimentos do casal Mateus. Se outros houve, nas televisoes nao
> passaram. Se nao passaram so as (necessariamente poucas) pessoas nela
> presentes os ouviram. Sede de protagonismo e' mau; falta dele (quando e'
> necessario), tambe'm.

Correcto. Mas nao estou a ver os cientistas a dizerem... srs jornalistas, nao estao a ver bem a questao... nos eh que estudamos isto... sabem!
Provavelmente os cientistas estariam mais preocupados com a publicacao do artigo cientifico em virtude do assunto em questao ter realmente importancia (para nao dizer impacto) cientifico. O que tambem nao deixa de tornar, para mim, ainda mais incompreensiveis as ... as tais gralhas ? ... [que eu nao me atrevo a dizer que maltratam o portugues, se sao efectivamente gralhas] ... e que o Carlos aludiu.

E cabe agora perguntar... apesar do desejo (que posso aceitar) de protagonismo do casal Mateus... um jornalista nao e' capaz de discernir entre amador e cientista...e que as coisas que um e outro dizem podem ser substancialmente diferentes ?  E que por tras do conhecimento... esta'  a ciencia e nao o amadorismo ?

Eh pena nao existirem nesta lista jornalistas intervenientes... podia ser que nos dessem a sua visao ... da coisa!

> Comentario:
> Eu tambem o fiz (mais, enviei fotocopias do artigo para colegas no
> estrangeiro que estudam ovos de dinossaurio). Acho que fez muito bem,
> caro colega. Infelizmente, poderiamos esforcar-nos a atafulhar o correio
> das pessoas (como, por exemplo, parece ser a minha especialidade...)
> mas, mesmo assim, chegariamos a uma infima percentagem das pessoas que
> veem as noticas na TV.

Como tera reparado... atafulhar nem sempre sera'  o modo mais correcto!  :-))
... e estas coisas nao se inculcam ... 'a forca!  Claro que quem nao sabe... e' como quem nao ve^;  por isso muitas vezes dou saltos no sofa quando vejo jornalistas a perguntar ou a escrever, com cara de esclarecidos... coisas que nos fazem logo ver que nao veem nada  do assunto. Se calhar sera isso que os leva facilmente a adulterar entrevistas, ou nao saber escolher os entrevistados... (isto e'... e' tudo igual ao litro... e' ciencia!)

Por acaso isso nao acontece so no jornalismo sobre ciencia... acontece, embora menos, no jornalismo sobre politica... e muito menos no jornalismo economico.
Se calhar ha politicos que se dedicam ao jornalismo... e ha economistas jornalistas... nao sei, ... estou so a conjecturar, e havera' bons geocientistas portugueses com queda para jornais ?

> Comentario:
> Perfeito, e' de louvar. Infelizmente, ainda (muito) pouca gente (do
> grande publico anonimo) tem acesso a Internet (so alguns eleitos). Se
> tivesse enviado esse mesmo texto para os jornais e para as revistas de
> divulgacao cientifica portugueses (com o mesmo esforco) teria atingido
> muito mais gente (tal como fez com os textos que, ha pouco tempo,
> regularmente, publicou - salvo erro - na revista do DN). Dessa maneira,
> poderia fazer-se um curto-circuito a intermediarios na transmicao da
> informacao (da divulgacao cientifica).

... embora nao tenha 100 por 100 de certeza... mas acho que isso aconteceu.E olhe que os jornais portugueses ja têm aceso
a internet ha muito tempo!

> Quanto aos artigos em jornais e revistas, e aqui e' que esta' o fulcro
> da discussao, o cre'dito dado aos participantes profissionais foi
> (quase) nulo (tirando um ou outro mais especifico. Por exemplo, no "Os
> cerebros(...)").

Efectivamente, aqui estamos ainda mais de acordo!  Mas quais sao as causas disso? E' isso que andamos nos varios mails a tentar descobrir. Nao me parece que fique bem a um profissional da ciencia andar a lembrar aos jornalistas... ve^ eu sou bom... eu  e' que estudo isto... etc. Numa das ultimas edicoes do "Publico" la' estava... Dinossauros da Lourinha chegam
ao Discovery... Mateus... e Taquet ! Va la' desta vez referiram o frances... mas se havia um portugues porque nao o incluiram tambem ?? (nota: so li o resumo, nao sei se tinha desenvolvimento...e se chegavam a cita-lo).

> Mais, recordo-me (apenas um exemplo) que no artigo da "Visao" (na seccao
> "Ciencia") o casal Mateus revelou aos  leitores as circunstancias do
> achado: ao que parece, a filha fez chichi em cima dos ovos. "(...) as
> cascas de ovo de dinossaurio descobertas na Lourinha correram o risco de
> ser dispersas pela pequena +torrente; saida do corpo de uma menina de
> tres anos, em hora de aperto fisiologico" (sic). Nao me parece que a
> jornalista pudesse, do pe p'ra mao, inventar algo assim... Se isto e
> divulgacao cientifica... No mesmo artigo o unico profisional referido e
> o Joao Zilhao (arqueologo). Paleontologos?, geologos?,  so de raspao.

... se calhar os geologos competentes... nao te^m jeito para dizer coisas engracadas, ou cativantes, do ponto de vista jornalistico. Sei la' ...se calhar estou a ver o problema duma maneira "naive"... ?

(...nao ha' duvida que os arqueologos têm muita capacidade de lobby ... lembram-se do que aconteceu aos geologos de Foz Coa  ??? )

> Tal afirmacao nao me parece justa. So se pode ajuizar algo se se tiver
> dados fidedignos para tal. As noticias dos jornais e das TV's nacionais
> raramente os forneceram (do ponto de vista cientifico so tinham os
> materiais divulgados na conferencia de imprensa, nomeadamente o resumo
> portugues do artigo, creio).

... vamos supor que um cientista portugues ouviu a noticia (facto que ja concordamos que toda a gente teve oportunidade para isso tal foi o alarido...ou a divulgacao pouco cientifica) ... entao, na minha opiniao, a primeira coisa que o cientista devera pensar e': fez-se e publicou-se o estudo cientifico ? quem fez o estudo? porque^tanto alarido? tem mesmo interesse cientifico? ... qual a revista em que se publicou o estudo? ha'  cientistas portugueses como autores??

> Volto a afirmar: Nao me parece correcto ter-se omitido o trabalho
> (publicado) de geologos e paleontologos nacionais sobre ovos de
> dinossaurios na mesma regiao, com a mesma idade, nos anos imediatamente
> anteriores a 1993 (1987-1993). No capitulo "Historique des decouvertes"
> refere-se o "ovo" (aspas minhas) de Alfazeirao (1908), refere-se a
> descoberta de cascas de ovos na Guimarota e refere-se que e' em 1993 que
> o casal Mateus descobre em Pai Mogo cascas de ovos fosseis. Nada mais.
> Quem ler o artigo ficara, certamente, a pensar que este e' o primeiro e
> o u'nico achado de ovos de dinossaurio no Jurassico da Lourinha. Nao se
> trata de discutir a descoberta de fosseis de dinossaurios (em geral) na
> regiao da Lourinha (obrigado pela referencia biliografica). Trata-se de
> referir e discutir que na mesma regiao da Lourinha (e nomeadamente em
> Pai Mogo), foram antes descobertas outras jazidas com ovos (e cascas)
> fosseis, exactamente com a mesma idade e enquadrar essas descobertas.
> Ate porque se trata de ovos de dinossaurio de um tipo diferente (e, ate
> ver, sem embrioes, e' claro). Se isto nao e importante para o estudo, se
> isto nao o enriqueceria, entao nada sei...

... se foram artigos publicados em revistas cientificas... entao tenho que concordar que e' incorrecto.

Mas isso parece que acontece muito em Portugal, ... os cientistas esquecerem-se do trabalho dos antecessores, ou dos colegas! ... Talvez  cada um pense que e' o maior! ... ou entao todos julgam que os outros nao têm qualidade cientifica... ou entao este conceito (qualidade cientifica)... nao estara' bem amadurecido em Portugal.

> Nao li em lado nenhum que a orientacao cientifica das escavacoes e do
> estudo estivesse a cargo deste ou daquele paleontologo. Apenas se refere
> (por vezes) que o trabalho foi feito com a ajuda de fulano ou beltrano,
> desta ou daquela instituicao cientifica. Aqui sim, ha tiro no pe'! Este
> tipo de intervencoes deve ser dirigida por profissionais (nao,
> meramente, com a ajuda deles).

Se calhar e' excessso de ambicao de protagonismo dos Mateus. Mas tambem parece que o Prof. P. Taquet diz que tudo o que se fez tem sido bem feito... que ele nao faria de outro modo... em que ficamos? E' pena nao participarem no Geopor para tambem os ouvirmos...

> Para finalizar.
> Se calhar, atendendo 'a excepcional riqueza paleontologica (em
> quantidade e, sobretudo, em qualidade) das arribas litorais da Regiao
> Oeste, estava na altura de nos comecarmos a movimentar no sentido de
> exigir a criacao de condicoes para a implantacao de uma area
> paleontologica protegida (ou algo no estilo) que salvaguardasse e
> valorizasse o patrimsnio (de todos nos, portugueses, humanidade, etc.)
> la' enterrado.
> Como chamar a atencao para o facto?, como a implantar?, em que contexto
> legal?, com que regras?, quando?, quem a ela teria acesso?, etc. Que tal
> como tema de discussao? (Nao, invalidado outros temas e' claro!).
>
> Muito obrigado pela vossa atencao e pelas vossas criticas.

Tenho algumas duvidas que iniciativas pontuais ... com meia duzia de individuos... facam alguma coisa realmente pelo estatuto de geologo, ou pela geologia em geral... penso que deveriamos antes ambicionar que o Instituto Geologico e Mineiro,  a  Associacao portuguesa de geologos, a Sociedade geologica, etc. se modernizassem,  fossem organismos que se preocupassem mais com estes assuntos, fossem dinamicos, dessem conta das suas actividades, promovessem publicacoes de
divulgacao e cientificas, organizassem palestras, conferencias, exposicoes, etc.... enfim, tivessem (mais) credibilidade e visibilidade nacional... (e nao estivessem voltados de costas uns para os outros.... tal como quase tudo na vida portuguesa).

De facto, queriamos falar dos jornalistas... mas se calhar, e lendo nas entrelinhas as observacoes que resultam da incursao do Prof. Rui Pena [que daqui saudo com estima] "em tao estranho terreno"   ...  entao os problemas mais importantes estao...  a montante!

E os jornalistas que estao na lista devem estar a sorrir... (talvez ao menos nos  divulguem)!

    :-))

Cumprimentos para todos
Paulo Legoinha


T. rex em Fatima?

Caros colegas,

A proposito da mensagem do colega Ricardo Moreira.

"Descobertas pegadas alegadamente de  T. rex  numa pedreira portuguesa, se assim for Portugal junta-se ao restrito grupo de paises onde se podem encontrar tais raridades."

Atencao, o trilho de pegadas que se descobriu na regiao de Fatima (a cerca de 2 km da Pedreira do Galinha) foi, realmente, produzido por um dinossaurio carnivoro (pegadas tridactilas) de grande porte (cerca de 60 cm de comprimento, as pegadas...), mas nao por um T. rex.
O T. rex e' um dinossaurio cretacico e as pegadas agora divulgadas sao de idade jurassica (bastante mais antigas). A identidade deste carnivoro jurassico ainda nao e conhecida.

Abaixo podem encontrar a transcricao (obtida em http://www.publico.pt/publico/ED19980128/H01.asp) do artigo respectivo da edicao de hoje do "Publico".

Saudacoes geologicas,

Carlos Marques da Silva


Pistas de dinossauros, sensacionalismo... e verdade cientifica.

A TVI noticiou ontem a descoberta de pegadas de dinossauro nos calcários jurassicos da região de Fátima.

Deve dizer-se que a descoberta vem juntar-se a dezenas de jazidas conhecidas em Portugal (para além de tantas outras destruidas no decurso da exploração de pedreiras). O valor destas jazidas é muito variável.

O que e' inadmissivel e' impingir ao publico uma visao adulterada especulando com o Tyranosaurus rex que viria a surgir a face da Terra muito mais tarde (Cretacico superior -> dezenas de milhoes de anos apos a idade conhecida para os calcarios de Fatima). Portanto, a presença deste dinossauro carnívoro no Jurássico de Fatima e' impossível...

E' um exemplo de especulação jornalistica, irresponsabilidade e fornecimento ao publico de informação adulterada. Prende-se quem vende carne adulterada, mas nao se responsabiliza quem veicula informação pouco seria cientificamente, constituindo má divulgação científica, e favorecendo o surgimento de interesses económicos alegadamente à custa da propalada e nobre protecção de geomonumentos. Esta justifica-se com base numa avaliação séria e cientificamente documentada.

Paulo Legoinha

PS- Intrigante, e criticável,  e' tambem o facto de a TVI dizer que o achado
estava em sigilo... e, no entanto, divulga-o com todo o sensacionalismo.



Teropodes em Fatima

Caros colegas,

Ainda a propósito das pegadas de "T. rex" em Fatima e (agora) dos comentarios do colega Paulo Legoinha.

Devo comecar por dizer que estou de acordo com (quase) tudo o que o colega disse e que o apoio vivamente. De facto, a reportagem da TVI (a que nao assisti, mas que me contaram) e um bom exemplo de como estas coisas nao devem ser feitas. Vender gato por lebre nao e honesto, e se o tema ultrapassava os conhecimentos dos autores da peca entao deveriam ter tido a presenca de espirito para indagar junto de quem sabe e esta por dentro dos assuntos (contactar, por exemplo, a colega Vanda Santos, no Museu Nacional de Historia Natural,  tal como o fez a jornalista Teresa Firmino do "Publico"). Mais uma vez se atropelaram os profissionais envolvidos, em favor de um depoimento sensacionalista, produzido por alguem que nao esta habilitado para "mandar postas de pescada" sobre pegadas de dinossaurio... (esta a tornar-se um habito!). (Se calhar estava na altura de manifestarmos o nosso desagrado por este tipo de informacao enganosa e mal fundamentada e por este modo de actuacao pouco profissional , escrevendo para a TVI...)

Apenas nao concordo, fundamentalmente, com uma observacao do colega Paulo (que passo a citar):

"Deve dizer-se que a descoberta vem juntar-se a dezenas de jazidas conhecidas em Portugal (para alem de tantas outras destruidas no decurso da exploracao de pedreiras). O valor destas jazidas eh muito variavel."

Nao entendo, sinceramente, por que razao nao podemos criticar a (ma) actuacao dos jornalistas sem ter que simultaneamente diminuir a importancia do achado (do facto) paleontologico subjacente? Nao e necessario menosprezar a jazida para chamar atencao para o mau trabalho jornalistico. Ate porque: primeiro, nao existem dezenas de jazidas de pegadas de dinossaurio em Portugal (apenas, cerca de 17, estas ultimas ja incluidas); segundo, qualquer ocorrjncia de fosseis vertebrados (com muito ou pouco "valor") deveria ser protegida por lei (o tal problema da falta da legislacao); terceiro, esta e a mais antiga pista de dinossaurios teropodes de Portugal; quarto, e' claro que o "valor" (eu diria o interesse, ja que todas as jazidas sao "valiosas") das jazidas e variavel, mas para as avaliar e necessario conhece-las e estuda-las primeiro.

Esta nova jazida de pegadas de dinossaurio apresenta (visiveis) tres pegadas consecutivas de cerca de 60 cm de comprimento cada (supeita-se - espera-se - que existam mais), esta localizada num sitio acessivel e que nao implica qualquer transtorno a actividades pre-estabelecidas (nao e uma pedreira, nao e um terreno de cultivo, nao e uma auto-estrada, nao esta ameacada por construcoes), e' pois um local que poderia (sem grande esforco ou investimento) ser salvaguardado, recuperado e valorizado. E' neste aspecto que (todos) nos deveriamos empenhar (penso eu).

Que tal um pouco de espirito de solidariedade profissional e de cooperacao construtiva, para variar?

Com os melhores cumprimentos,
Carlos Marques da Silva


Teropodes em Fatima (Esclarecimento..)

Carlos Marques da Silva:

Devo comecar por dizer que estou de acordo com (quase) tudo o que o colega disse e que o apoio vivamente. De facto,  reportagem da TVI (a que nao assisti, mas que me contaram) e um bom exemplo de como estas coisas nao devem ser feitas. Vender gato por lebre nao e honesto, e se o tema ultrapassava os conhecimentos dos autores da peca entao deveriam ter tido a presenca de espirito para indagar junto de quem sabe e esta por dentro dos assuntos (contactar, por exemplo, a colega Vanda Santos,  no Museu Nacional de Historia Natural,  tal como o fez a jornalista Teresa Firmino do "Publico").

Ok! ... mas a TVI referiu a colega Vanda Santos e o MNHN... pelo que quem assitiu a' noticia ficou com a sensacao de terem sido escutados...

Nao entendo, sinceramente, por que razao nao podemos criticar a (ma) actuacao dos jornalistas sem ter que simultaneamente diminuir a importancia do achado (do facto) paleontologico subjacente? Nao e necessario menosprezar a jazida para chamar atencao para o mau trabalho jornalistico.

Esclarecimento: como se pode depreender das minhas palavras... estava  referir-me ao conjunto das jazidas conhecidas e NAO a ESTA em particular.
Todos sabemos que ha' pistas de pegadas de dinossauro com elevado interesse e outras nem por isso... pelo que o que pretendia era chamar a atencao para nao se cair em sensacionalismos de cada vez que se fala nas palavras "dinossauro" ou "pegada"! ... quanto ao valor desta nova jazida os especialistas o documentarão... mas o inicio nao foi nada brilhante... com o T.Rex!!

Que tal um pouco de espirito de solidariedade profissional e de cooperação construtiva, para variar?

Sinceramente nao entendo; ...mas ja vai sendo altura de se acabar com o "nacional porreirismo". Acho que quanto mais serios e exigentes formos connosco e com os colegas... melhor sera para o futuro da Geologia portuguesa.

Devo dizer... que mais tarde a mesma noticia... o mesmo estilo ...apareceu (pelo menos) na TV2 e no jornal "Expresso"... e ate agora ainda nao vi qualquer desmentido [com excepcao do GEOPOR]; pelo que deve andar por ai muito boa gente convencida de que os dinossauros "T.rex" andaram por Fatima! Sera mais um milagre??  ;-)))

Cumprimentos para todos
Paulo Legoinha

PS - O trabalho aperta pelo que a discussao do "i" passa para segundo plano...


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