Análise cinemática e dinâmica de uma área no sector NW da Faixa Piritosa Ibérica (Zona de Grândola) |
Caranova R.J., Corrula L.M., Fonseca P., Henriques P.F., Pereira R.N., Silva J.B. |
IV Congresso Nacional de Geologia, 1995, Porto Memórias n.4 do Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Fac. de Ciências da Univ. do Porto, 1995 |
Resumo:
Introdução Litostratigrafia Ao complexo VS, constituído predominantemente por fácies de vulcanismo
terminal incluindo xistos siliciosos, tufitos e exalitos, segue-se
a Formação de Mértola, também conhecida pela designação de "Culm"
constituída por turbiditos e interturbiditos clássicos proximais.
Ocorrências primárias e secundárias de sulfuretos e óxidos são
assinalados em pequenas explorações. Estrutura A esta fase, que não produziu clivagem, sobrepõe-se uma segunda
fase de deformação (D2), caracterizada pela presença de mesodobras
aproximadamente N-S, subverticais e com inclinações axiais variáveis,
consoante as atitudes das superfícies herdadas da fase anterior.
Esta última fase é acompanhada de clivagem xistenta (a clivagem
regional) que apresenta uma atitude próxima de NNW-SSE e cuja
inclinação para ENE, indica uma vergência tectónica geral para
WSW. Em fase tardi-tectónica, episódios de deformação frágil sobrepõem-se
às estruturas anteriores, sob a forma de truncatura ou laminações
dos flancos das dobras, em regime de andar estrutural superior,
funcionando frequentemente como armadilhas tectónicas de mineralizações
tardias. Interpretação Global O padrão cartográfico obtido revela uma anomalia geométrica não
explicável somente por interferência de dobramentos, mas podendo
constituir uma zona de confrontação de duas frentes de dobramento
devidas à fase D2. Em alternativa poderá ser devida à presença
de um corpo rígido a nível do soco, a profundidade não estimada,
constituindo assim critério de prospecção mineira. Referências
Abstract
Based on recent structural mapping in the NW sector of the Iberian
Pyrite Belt, a structural relationship is discribed involving
two main deformation phases (D1 and D2). This can confirm the
space and temporal superposition of deformation episodes described
before in the Pyrite Belt. The lithostratigraphic units in the
area, the Volcanic Sedimentary Complex and the Culm, from Upper
Tournaisian to Upper Visean ages, have been folded during the
Culm deposition (D1), and have been affected by the regional slaty
cleavage during the D2 deformation episode. The geometric anomaly
exposed in the area is a non-typical situation in the Pyrite Belt,
that suggests the existence of a folding confrontation probably
associated to irregular shape at lower levels (rigid body?).
Com base em trabalho de cartografia estrutural de pormenor sobre
uma área de 3 Km2 em zona crítica do extremo NW da Faixa Piritosa Ibérica, foi
posta em evidência uma relação entre estruturas susceptível de
fornecer informações sobre a hierarquização espaço-temporal das
fases de deformação anteriormente descritas para a Faixa Piritosa
Ibérica clássica.
De acordo com a carta geológica existente (Oliveira et al., 1984), as unidades litostratigráficas envolvidas são o Complexo
Vulcano-Sedimentar (VS) e o Grupo Flysh do Baixo Alentejo (Formação
de Mértola). Estas duas unidades apresentam idades do Tournaisiano
superior ao Viseano superior respectivamente. Ao longo do trabalho
de campo foram encontradas formas fósseis dos géneros Posidonia sp. e provavelmente Philipsia sp. deformadas tectonicamente. A presença destas formas confirma
as idades geralmente atribuidas ao limite entre as referidas unidades.
É reconhecida uma primeira fase de dobramento (D1) evidenciada
por uma dobra antiforma de direcção aproximada E-W, vergente para
Sul e com inclinação axial para Oeste (Fig. 1).
Os episódios anteriormente descritos na Faixa Piritosa Ibérica
(Silva et al., 1990) são reconhecidos na zona de Grândola no decurso
dos dois principais episódios de deformação. Com efeito, a fase
que caracteriza a instalação dos mantos de carreamento da Faixa
Piritosa Ibérica encontra-se representada, em redor de Grândola,
pelo episódio D1. Nesta fase a macrodobra de direcção E-W e vergência
para Sul materializa um carreamento incipiente com possível ruptura
a nível dos horizontes basais do complexo vulcânico, não aflorantes.
A esta primeira fase encontram-se associados fenómenos de tectónica
sin-sedimentar (ou sedimentação sin-tectónica) afectando o Grupo
Flysh. A fase de deformação da clivagem regional produz uma geometria
condicionada pelas estruturas herdadas da fase anterior.
Oliveira , J. T. (coordenação de), 1984. Carta Geológica de Portugal,
Escala 1/200.000, folha 7. Serviços Geológicos de Portugal.
Silva, J. B.; Oliveira, J. T.; Ribeiro, A., 1990. Structural Outline
of Pyrite Belt. In: Delmeyer, R. & Martinez García (Eds), Pre-Mezosoic
Geology of Iberia. p. 348-362. Springer-Verlag. Berlin Heidelberg.