Regimes de deformação e instalação dos granitos no sector de Viana do Castelo (ZCI; Cadeia Varisca)
Pamplona, Jorge Manuel V.
Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica, 1994, Universidade do Minho, pp.122
Resumo:

Os terrenos da área em estudo pertencem ao Auctóctone da ZCI (Zona Centro-Ibérica) e, no que concerne ao Paleozóico, caracterizam-se pela ocorréncia de psamopelitos e quartzitos (Ordovícico, Tremadociano-Arenigiano). A E destas litologias existem micaxistos andaluzíticos pertencentes ao Complexo Xisto Grauváquico Ante-ordovícico; a W afloram xistos quiastolíticos com alguns níveis de óxidos de ferro, micaxistos com nódulos de andaluzite e granada e xistos estaurolíticos, que possivelmente representam a Formação de Valongo (Lanvirniano-Landeiliano). As rochas intrusivas estão representadas pelo granito de Bouça do Frade (granito de grão médio, de duas micas e porfiróide). Afloram, também, rochas filonianas pegmatóides graníticas, por vezes mineralizadas, assim como veios de quartzo e de quartzo com andaluzite de segregação metamórfica ou, ocasionalmente, hidrotermais típicos.

Uma breve análise do metamorfismo da área de estudo, permitiu concluir que a obliteração de isógradas do episódio plutonometamórfico final hercínico ao episódio Barroviano mais precoce, nos sectores Sul da área de estudo, contrasta com a co-existéncia destes dois episódios em Carreço. Assim, levanta-se o problema da proximidade do sector de Carreço às estruturas alóctones, poder exercer um possível controlo tectónico na ocorréncia desta associação, episódica, Barroviana.

Do ponto de vista tectónico pode-se dizer que a F1 se caracteriza, inicialmente, por um regime transpressivo sinestrógiro que origina dobras de plano axial direito a fortemente inclinado e com mergulho de sub-horizontal a moderadamente inclinado, podendo ter, em casos particulares, os eixos ondulantes; a xistosidade é de plano axial, por vezes, transectando as dobras; pela existéncia de importantes corredores de cisalhamento sinestrógiro, originando mesmo, estruturas em dominó-horizontal. O estiramento é segundo o eixo cinemático "b", todavia, no final da F1, no sector de Carreço, assiste-se à passagem a um regime de deformação tangencial para E originando estiramento segundo o eixo cinemático "a" e dobras em baínha, não se notando nenhum estádio de transição entre os dois estiramento. As estruturas de F1 referidas estão em concordância com os principais movimentos registados para o sector Sul do Arco Ibero-Armoricano.

A F2 é caracterizada pela passagem dum regime compressivo, que origina com predominância desligamentos conjugados, a um regime de deformação tangencial para W. Este último, é decisivo na ocorréncia do extravasamento laminar do plutonito de Bouça do Frade que implicou a génese de estruturas no metassedimento: a xistosidade (de fractura) é em média moderadamente inclinada; algumas dobras têm acentuada vergéncia para W e outras dobras apresentam o plano axial subvertical. É de referir, associado a esta fase, o aparecimento de falhas inversas/cavalgamentos.

A F3 é condicionada por um regime transpressivo que é responsável pela presença de importantes corredores de cisalhamento, que originam dobramentos com ângulos interflancos bastante abertos e cisalhamentos conjugados. Ligada à F3 surge, embora com raridade, uma lineação de crenulação, também se observando estiramento segundo o eixo cinemático "b".

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