Os terrenos da área em estudo pertencem ao Auctóctone da ZCI (Zona
Centro-Ibérica) e, no que concerne ao Paleozóico, caracterizam-se
pela ocorréncia de psamopelitos e quartzitos (Ordovícico, Tremadociano-Arenigiano).
A E destas litologias existem micaxistos andaluzíticos pertencentes
ao Complexo Xisto Grauváquico Ante-ordovícico; a W afloram xistos
quiastolíticos com alguns níveis de óxidos de ferro, micaxistos
com nódulos de andaluzite e granada e xistos estaurolíticos, que
possivelmente representam a Formação de Valongo (Lanvirniano-Landeiliano).
As rochas intrusivas estão representadas pelo granito de Bouça
do Frade (granito de grão médio, de duas micas e porfiróide).
Afloram, também, rochas filonianas pegmatóides graníticas, por
vezes mineralizadas, assim como veios de quartzo e de quartzo
com andaluzite de segregação metamórfica ou, ocasionalmente, hidrotermais
típicos.
Uma breve análise do metamorfismo da área de estudo, permitiu
concluir que a obliteração de isógradas do episódio plutonometamórfico
final hercínico ao episódio Barroviano mais precoce, nos sectores
Sul da área de estudo, contrasta com a co-existéncia destes dois
episódios em Carreço. Assim, levanta-se o problema da proximidade
do sector de Carreço às estruturas alóctones, poder exercer um
possível controlo tectónico na ocorréncia desta associação, episódica,
Barroviana.
Do ponto de vista tectónico pode-se dizer que a F1 se caracteriza,
inicialmente, por um regime transpressivo sinestrógiro que origina
dobras de plano axial direito a fortemente inclinado e com mergulho
de sub-horizontal a moderadamente inclinado, podendo ter, em casos
particulares, os eixos ondulantes; a xistosidade é de plano axial,
por vezes, transectando as dobras; pela existéncia de importantes
corredores de cisalhamento sinestrógiro, originando mesmo, estruturas
em dominó-horizontal. O estiramento é segundo o eixo cinemático
"b", todavia, no final da F1, no sector de Carreço, assiste-se
à passagem a um regime de deformação tangencial para E originando
estiramento segundo o eixo cinemático "a" e dobras em baínha,
não se notando nenhum estádio de transição entre os dois estiramento.
As estruturas de F1 referidas estão em concordância com os principais
movimentos registados para o sector Sul do Arco Ibero-Armoricano.
A F2 é caracterizada pela passagem dum regime compressivo, que
origina com predominância desligamentos conjugados, a um regime
de deformação tangencial para W. Este último, é decisivo na ocorréncia
do extravasamento laminar do plutonito de Bouça do Frade que implicou
a génese de estruturas no metassedimento: a xistosidade (de fractura)
é em média moderadamente inclinada; algumas dobras têm acentuada
vergéncia para W e outras dobras apresentam o plano axial subvertical.
É de referir, associado a esta fase, o aparecimento de falhas
inversas/cavalgamentos.
A F3 é condicionada por um regime transpressivo que é responsável
pela presença de importantes corredores de cisalhamento, que originam
dobramentos com ângulos interflancos bastante abertos e cisalhamentos
conjugados. Ligada à F3 surge, embora com raridade, uma lineação
de crenulação, também se observando estiramento segundo o eixo
cinemático "b". |