Criaturas Marinhas Que Andaram pelo Mundo Antes dos Dinossauros
Por TERESA FIRMINO
Sexta-feira, 19 de Setembro de 2003
Parentes distantes dos insectos, aracnídeos e crustáceos, as trilobites apareceram há cerca de 560 milhões de anos, no período Câmbrico, quando se deu uma explosão da vida na Terra, e desapareceram há 250 milhões de anos, perto do final do período Pérmico. Assim, as últimas trilobites extinguiram-se muito antes dos dinossauros, cujas primeiras formas surgiram há 230 milhões de anos, já no período Triásico.
De qualquer forma, andaram pelos mares da Terra - já que eram criaturas exclusivamente marinhas, como todas as existentes nessa altura - algo como 330 milhões de anos, o que é muito mais que o tempo de passagem pelo planeta dos dinossauros, desaparecidos há 65 milhões de anos.
Possuindo corpos com uma forma oval, cujas dimensões iam desde alguns milímetros a um metro de comprimento, as trilobites tinham como principal característica morfológica um exoesqueleto, ou carapaça couraçada, que lhes protegia as partes moles do corpo. Como tinham a carapaça segmentada, tinham de fazer mudas periódicas, no decurso do crescimento natural.
O nome "trilobite" advém do facto de terem três lobos, tanto transversal como longitudinalmente. As três partes transversais são a cabeça, ou cefalão, o tórax e a cauda, ou pigídio. E as três partes longitudinais são a zona axial, que fica no centro, e as pleuras, de cada um dos lados.
Algumas trilobites viviam sobre os fundos marinhos, sobre sedimentos arenosos ou lodosos, onde se deslocariam em busca de comida, enquanto outras flutuariam. Por vezes, deixaram as marcas do seu deslocamento impressas nos sedimentos: as pistas fossilizadas das trilobites chamam-se cruzianas.
Marrocos, de onde provém a trilobite dos olhos invulgares agora descrita, é muito rico em fósseis de trilobites com formas bizarras - por exemplo, com espinhos.
Embora não tão espectaculares como as de Marrocos, em Portugal também há trilobites, principalmente em formações rochosas dos períodos do Ordovício (500 a 425 milhões de anos) e do Silúrico (425 a 405 milhões de anos), repartidas pelo Norte, pela Beira Alta, Beira Baixa e Alto Alentejo. Nos locais mais ricos e mais importantes está a jazida de Canelas, no concelho de Arouca. Também há em Portugal trilobites do Câmbrico, em Vila Boim, que é um dos registos mais antigos de fauna no país.
Seres tão antigos como as trilobites permitem aos cientistas estudar a fauna da Terra ao longo dos tempos e perceber que a evolução dos seres vivos é perturbada por grandes extinções, por exemplo. O que fez desaparecer as trilobites, tal como a muitos outros seres vivos na extinção em massa no final do Pérmico, ainda está por determinar.
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